Na vida de um Marujo
Tudo se passa
E a tudo se acha graça
Até à própria desgraça
Tempos de outros tempos onde os amantes eram limpos e diferentes. Depois espernico (explico). Certo? Não estou aqui para folgar, nem para o meu afiançar.
Tive uma gaita à maneira Letra do fado calão.
Com uma cabeça inteligente No palácio do Conde Andeiro = (Prisão do Limoeiro)
Deu-me uma boémia porreira Dia seis do mês corrente
Em prostituição diferente Num velho surto Sentado = Banco
Te escrevo e quero primeiro
Tive uma gaita à maneira Que estejas bacanamente =boa
Que provocou grandes paixões Já que eu estou encanado
Deu-me gozo a vida inteira
E que ganhou uns tostões Com a fresca nos bastelos,
Vou escrever-te esta falha
P´ra que te ponhas a fancos
Já estrilhou o Camelo
Seria um graveto ordinário? A quem afanei a tralha
Para gastar em sítio certo! E manjou que eu era manga.
Quem berrava era Otário
Quem mamava era o esperto Com a devida vênia ao autor destas duas quadras
A todas as agás que me tocaram um chocho deste manhoso.
Nota importantíssima:- De vital importância destacar, que não eram muitos os que entravam neste mundo e conseguiam na hora certa abandonar a má vida, que num período limitado de tempo dava grandes prazeres e a oportunidade de conhecer-se e desfrutar dos prazeres de Lisboa por dentro e também fora de horas em Lisboa , mas em cada centena que entravam, mais de 90% acabavam por destroçarem as suas vidas e acabarem muitos deles em marginais e com um fim trágico. A vida do marujo que frequentava ou vivia neste meio era diferente porque não era um dependente de viver a expensas delas onde haviam mulheres de nobres sentimentos e que a própria vida as obrigou a protituirem-se. Mas toda a prostrituta tinha a necessidade de ter uma amante (ou dito chulo) se preferirem.
A vida da prostituta enquanto nova era uma maravilha, depois em velha a vida da puta, era bem pior que a puta da vida. No tempo a que ainda sobtreviviam vendendo roupas às outras que as rendiam.
Era um dinheiro escumungado, tanto para ela como para o homem que vivesse com ela.
Era como aquela cantiga do cantador :-
A cantar ganhei dinheiro,
A cantar se me acabou.
Dinheiro foi mal ganho,
Água o deu, água o levou.
LÁ CHEGAREMOS :-
Eu conheci montes de casos desses num espaço de quatro anos.
Cena do próximo capitulo:- As rondas da Marinha no Governo Civil e as Rusgas da Ramona. PSP
Um dia li na casa de banho d'uma tasca no Intendente... "Na vida de um marujo/Tudo passa/E a tudo se acha graça/Até à própia desgraça."... Nunca soube quem foi o autor mas vai ao encontro daquilo que dizes... "Não eram muitos os que entravam nesse mundo e conseguiam na hora certa abandonar essa vida."... pois para alguns foi como um círculo vicioso de que continuou para lá da vida na Briosa... Conheci/o alguns que infelizmente vivem agora na penúria!
ResponderEliminarValdemar Alves
Lembro-me de um Filho da Escola, um Grumete FZE que foi o Rei da Rua do Bemformoso... Não me lembro é do nome nem aliás seria ético mencioná-lo... Expulso da Briosa depois de carregar "o barril em Elvas" quiz continuar o Reinado... Lembro-me é que, pançudo e sem conseguir arranjar companheira para continuar a vida artística, acabou como porteiro de um Bar no Largo Pina Manique... Passado uns anos (de férias) notei que nem só o bar, onde o nosso amigo cobrava senhas a 5 crôas, tinha fechado como também a face bem luso-latina com aquele folclore todo de varinas, cauteleiros, mulheres-da-vida e marujos... tinha mudado... Mudado para sempre! Tendo até a impressão que estava mais no Bar Vasco da Gama nos anos 70's do que própriamente em Lisboa... Enfim, outros tempos outra cultura, mas do Fiho da Escola que tinha sido o Rei e Senhor daquela nobre putaria toda... NEM SOMBRA!
ResponderEliminarValdemar Alves