Jogo da macaca.
Também este era uma dos jogos que diáriamente jogavamos, também poucas vezes nos deixavam ganhar, porque quando estavamos prestes a concluír, os mais matelões nos impediam, mas nem por isso deixavamos de lá estar todos os dias, a maioria deles, a chupar no dedo porque eles não nos deixavam participar.
Bola de Trapos
Tal como na guerra aos Indios, aqui também se escolhiam os jogadores, hora um, hora outro, nos encontros de futebol nós tinhamos que ocupar as posições que os mais velhos dos grupos mandassem, raro era o dia que não houvesse bulha (porrada), uma canelada mais forte e lá se entornava o caldo. Tudo jogava descalço, pois o calçado era coisa que não havia, só que de calacarrilhar por aqueles caminhos pedregosos, cada canelada, era como se fosse hoje, dada com uma sapatilha.
Também era muito raro o dia, que não fosse caír uma bola dentro da casa daquela avarenta solteirona a Beata Ti Maria Zé, que nunca as devolvia, nada de nada. Então a equipa que perdesse esse jogo, tinha de arranjar uma para a substituir no outro dia. Lá Tinhamos de ir roubar um caturno (meia - Peuga) e uns farrapos para fazer a bola, muitas das vezes roubadas nas casas onde estavam estendidas a secar, ao darem falta delas lá íam ao nosso encontro, cabeça não tinha juizo, o corpo pagava. Lá na Ilha todos tinham ordem para tosquear o pêlo a todos, ( tosqueal - bater), eram os nossos Pais que davam e recomendavam uns aos outros para quando estivessemos a fazer asneiras, para dar, que só se perderiam as que caíssem no chão..
As casinhas e os casais.
Arranjavam-se uns cacos (bocados) de louça que tivessem partido e deitados fora, que serviam de malga e prato, a colher ou garfo era uma pau.
Apanhavampos uma planta a que davamos o nome de caixilho que eram as couves, os alhos bravos ou outra coisas semelhantes, eram as batatas, a água, era o azeite, a areia era o sal etc..
Antes lá se faziam os casamentos, (que normalmente já vinham do dia anterior, a não ser que houvesse zanga. As mulheres (miúdas) preparavam a comida e nós os homens (miúdos) lá íamos trabalhar dar uma volta para vir depois tal como se tivessemos ído ganhar a vida, por vezes dar uma volta de barco, como se fossemos pescadores ou barqueiros.
Montava-se o cenário e a representação como se estivesse -mos a comer e depois lá íamos para a cama, em cima de um folhelho, no lagar abandonado da Ti Guida do Albano. Havia que descansar para no outro dia ir trabalhar, por ali estavamos uma meia horita, mas sempre com sentinelas, que às vezes abandonavam o seu posto, para írem fornicar (caniar) para debaixo das pilhas de lenha de queiró e carqueja que se faziam a uns trinta metros e sem sentinela lá acabacvamos por sermos cassos na ratada.
A forma de pagamento era sempre a mesma e por vezes com juros, porque as nossas mães, acumulavam as asneiras. Normalmente o castigo era de corda, pois se fosse com as mão eram elas que se magoavam, tal malhadiços que estavamos.
Amanhã lá a história das Ovelhas, e a entrada em cena dos mafarricos Serralheiro e Cerqueira.
Tive que ler tudo outra vez... É que sempre pensei que o carneiro se chamava ALBANO!
ResponderEliminarValdemar Alves
Mas que grande memória, eu levei uma limpeza-geral, que pouco me lembro dos 10 anos para trás, quando estou com Amigos na terra, até fico sem palavras quando me falam em coisas passadas comigo, e de que não me recordo nada, continua a «desfiar o rosário» que vais bem.
ResponderEliminarUm abraço
Virgílio
Dou-te os meus parabéns pela nova e muito mais cuidada apresentação que deste ao blog.
ResponderEliminarJá para não falar nas tuas histórias que nos fazem recordar a nossa meninice.
Com mais ou menos tempêro, todos vivemos histórias semelhantes.
Máquina a vante a toda a força!
O seu a seu dono.
ResponderEliminarEsta espectacularidade do blogues só é possivel graças ao teu empenho e sabedoria. tens aqui empregue muito do teu precioso tempo.
Obrigado Tintinaine.