quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A Carteira do Ti Luis Guerra. Quando a sorte não penetra!!!

A Carteira Perdida!  VINHA MESMO A CALHAR!!!
     Como referênciei na história anterior, os meus Pais tinham entregue o Cordão ao padre Queiróz da Raiva, para o levantarem eram necessários os tais mil escudos, naquele tempo um pequena fortuna para uns pobretanas como nós e numa altura que o Rio já não dava quase nada.
     Num belo dia 4 de Agosto, a data fixa em que se comemora a Festa do S. Domingos da Queimada, hoje vulgarmente chamado de S. Domingos da Serra, quando vou pelo caminho de cima, olho para o outro que passa por baixo e vejo uma carteira. Uma corrida e já cá cantava, abro a bolsa dos trocos e lá estavam umas tantas moedas, saco uma de vinte e cinco tostões, vou abrindo o resto e vejo que ela tem muitas notas de cem e uma três de quinhentos escudos e uma de mil, isto vinha mesmo a calhar, mas de repente reparo que nos dois recortes que elas tinham para colocar fotografias, lá tinha uma do Ti Luis Guerra, um solteirão que trabalhava os terrenos pegados aos nossos, mas que não dava uma sede de água a ninguém.
   Indiferente a isso, escondi a carteira com o dinheiro e lá fui chamar o Fifas para irmos comprar rebuçados.
   Sabíamos de que se fossemos à Loja do Ti Mário Barrigudo ele logo descobria, mas não, viemos a Sebolido ao ti Vitorino e como meninos poupadinhos, apenas compramos um escudo deles, convinha não deixar pistas.
Mas tanto ao azar, que o Guerra ao chegar ao Areio Dórtos, para atravessar na passagem, vai para pagar a viagem e carteira de grilo.
    Volta para trás e então sabia que era ali que tinha puxado por ela e em vez de a enfiar no bolso traseiro ela caíu-lhe.
       Chamaram-nos e em principio negamos, mas depois eles disseram que tinhamos corado e como tal sabíamos onde ela estava.
      Lá fui caçado na ratada. Os dez tostões já tinham voado em rebuçados, e o quinze de troco quando me fizeram a revista foi a descoberta.
      Cabeça não tem juizo. Corpo paga. Mas os rebuçados esses já tinham voado.
      Enquanto isso nem tudo era mau, porque a nova professora tardava em aparecer, o que mais tempo nos dava para a vadiagem e o seguimento das nossas aventuras, onde tinhamos todos o tempo do mundo.
  As Perdizes., as Uvas da Quinta da Moira e a ída á Bruxa

3 comentários:

  1. Dentro em breve ninguém mais se lembrará do que eram dez tostões. Ou de que um tostão eram dez centavos. Com a chegada dos euros e dos cêntimos aquelas palavras transformaram-se em verdadeiros arcaísmos com sabor a museu.
    Como diz o Leiria, daqui a cem anos os teus tetranetos vão ler isto e ficar a ver navios!

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  2. Os primeiros sê-los de correios eram chancelados com o anel do Rei e as cartas de namoro de Dona Maria ainda por aí circulam e a grande maioria de celtura relativa as conhece. O mesmo acontece com Bocage e escritos de há mais de cem anos que ainda hoje estão actualizadíssimos.
    Não é preciso ser adivinha para perceber que o Euro está condenado a evaporar-se e o Escudo estará sempre ligado à nosso história.
    Para mais com o fácil acesso da NET, acredito que será imortal.

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  3. Foi falta de prática, se tivesses tirado o curso onde os actuais Políticos aprenderam, nunca tinhas sido descoberto.
    Um abraço
    Virgilio

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