Ficar de noite fora de casa aos Nove anos
Naquele tempo andar de noite não era para todos.
Havia um medo tremendo os mais velhos metiam medo aos mais novos com o aparecia isto e aquilo e o mais caricato, é que eles próprios se borravam todos se tivessem de andarem sózinhos de noite, se aparecia um gato, era o tardo, um cão era o Lubizome, uma coisa branca a mexer eram as bruxas etc. etc.
Nunca fui medroso e a noite para mim não era obstáculo, mas mesmo que tivesse medo, se calhar o medo da porrada que me esperava levaria-me a que viesse a tomar a mesma atitude.
Ao saber que o meu Pai tinha tido conhecimento daquilo que tinha feito ao Adolfo Muge e ao Barnabé o meu Pai iria-me dar-me forte e feio. Não precisei de pensar muito para decidir - me. Vai daí pirei-me.
Noite dentro como nãoa apareci, ele começou pela casa dos Pais dele, a correr todos os cantos não fossem os meus Avós me esconderem como eu não estava lá, mobilizou toda a gente à minha procura, só que eu tinha escolhido bem o sitio e muito difícilmente daria comigo, já que eu me fui meter dentro de um monte de tábuas e ripas com umm monte de tenhas etc.
Ratos lá eram uma farturinha, tal o lixo que lá havia.
Começaram a procurar e passaram por lá uma duas vezes, até que pela terceira ouvi o meu Pai a chamar do tanque e a jurar pela alma do Avô dele que me perdoava, se estivesse a ouvir para vir embora que não me batia.
Saí do esconderijo,e cá de cima onde ainda podia fugir, falei e disse-lhe para ele jurar outra vez, e, ele jurou, então disse-lhe que tinha medo dele e que me deixa-se ir dormir a casa do Pai dele meu Avô.
A principio disse-me que não.
Respondi-lhe que então ía fugir e que me ía matar.
Jurou que não me batia, para não fazer asneiras e então que fosse dormir a casa do meu Avô Pai dele.
Não sei que Santo me protegeu, certo é que o Adolfo e o Barnabé ficaram com elas e eu passei sem levar aquela valente sova que me iria ficar certamente em recordação.
O aviso à Professora veio depois.
Ser Guindado à trave, onde dependurada o Porco, para ver se ganhava emenda. É o Guindas.
Ao lêr isto senti-me igual que o protagonista porque creio que cada um de nós tem histórias destas para contar aos netos... O que me fez lembrar que uns anos depois desta tua aventura (pudera sou mais marrêta), sabendo da cagunça que o maralhal lá da terra tinham em andar de noite, apostei (5 crôas a dividir por 5) que à meia-noite ia pôr um tijolo na caixa das esmolas das alminhas, à entrada da povoação... GANHEI-OS!... Mas ainda hoje estou à espera deles.
ResponderEliminarValdemar Alves
Então aconteceu-te como acontecia ao Santo da minha Aldeia o S. Domingos.
ResponderEliminarPrometia sempre dinheiro que se não leva-se porrada pagaria-lhe uma promessa, cheguei a oferecer aos 20$00. Ainda hoje está à espera, como foi à tanto tempo, ou ele ese esqueceu "espero eu", ou então que já tenho prescrito, tal como aqui com os corruptos da nossa praça.
Na minha parvónia não havia ninguém que gostasse do cemitério e como os mais novos aprendem com os mais velhos, comigo acontecia o mesmo, isto é, borrava-me todo se tinha que lá passar de noite.
ResponderEliminarE usava um truque para espantar o medo - assobiava tão alto quanto pudesse, fincava os olhos nos dedos dos pés (sapatos não havia, está claro) e corria o mais que podia até passar aí uns 100 metros para lá do portão.
E nada de olhar para trás, não fosse o diabo tecê-las!