Um Puto pertencente à Geração de Ouro da 5ª Coluna
Partiu o António Pires, um puto que nasceu na casa onde cresci e ´r património meu em Cancelos/Sebolido.
Ainda o António não tinha dois anos e caíu rebanceira abaixo, sorte que ficou encostado a um pequeno arbusto, e assim não foi parar ao Rio, que se tal acontece-se teria tido ali uma morte trágica.
O António teve uma infância muitíssimo difícil, apesar do Pai do António ter sido Sargento na Tropa e a Madrasta do seu Pai Professora em Sebolido, e o Avô do António Oficial do Exército em Penafiel, não deixaram haveres e quando o Pai do António foi corrido de Sargento da Tropa, a pobreza foi extrema.
Andou em miúdo muito tempo a pedir Esmola, mas cedo começou a trabalhar, tendo contudo feito a quarta classe no seu tempo, o que era um luxo por ser coisa rara, nas crianças.
Não foi melhor nem pior do que nós os daquele tempo, o António pertencia à elite dos tratantes e esteve sempre em todas e na linha da frente.
Numa luta de Freguesia/Lugar, Lugar Freguesia em que esteve pelo meio um Burro como o personagem principal o António lá estava, e foi até dos que mais trabalho teve até chegar-mos com ele ao destino e o amarrou em frente e a uns escassos 20 metros do então Presidente da Junta.
Como não podia deixar de ser também marchou para o Posto da GNR em Penafiel e teve de pagar ao Advogado 500#00.
Mais tarde a sorte foi madrasta para o António, e num acto tresloucado terá feito o que não devia.
Isso acompanhou-o até ao seu fim.
Tive o privilégio de privar de novo com ele nestes últimos seis anos.
O António escrevia uns versos, onde ali expressar a sua dor.
Li-os e acheios inyteressantíssimos.
Insisti com ele e consegui reunir muitos deles e públicar numa espécie de livro.
Foi uma felicidade enorme para o António e isso trouxe-lhe de novo a vontade de viver. Segundo me
dizia. Auilo para ele passou a ter um valor incalculável.
Insistia com ele para que escreve-se mais, dizia sempre que o faria, o certo que foi adiando.
Fazia-o de noite e normalmente, escrevia em rolo de papel higiénico.
Não sei se o António deixou alguma coisa mais escrita em versos.
Vou procurar indagar junto da filha e terei uma honra enorme se acaso tiver deixado, e me for autorizado os juntar, aos que já lhe editei.
O António Pires merece de mim esse reconhecimento.
Partas para onde partires!
Obrigado por tudo o que partilhamos.
Só se morre, quando deixamos de estar no coração de alguém. Irás continuar comigo até ao fim dos meus dias.
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