quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O Roubo do Cordão e o Anel " Jóia da Minha Mãe".

Há tanto ladrão dito sério,                                                       
Tanto sério que é ladrão.
Porquê os mitos do mistério
Protege tanto charlatão?

Maré baixa, Maré sobe,
Mas que grande confusão.
Porquê? Só o Zé-Pagode
Ou paga, ou vai p´ra Prisão!!!
Quem Roubou o Cordão?
O Cordão e o anel para a minha Mãe  era uma jóia de valor incalculável e seguramente que jamais e em condições algumas se iria desfazer dele.
   Não sabia ao certo quantos familiares seus já o tinham usado, certo que já vinha de algumas gerações.
   Claro que com crianças pequenas não era fácil ter sempre as portas fechadas, apeenas havia em nossa casa uma Mala de Madeira e uma Arca, a roupa cabia ali perfeitamente, já que a maioria das peças eram remendadadas e poucas mudas para cada um.
   A minha  Mãe escondia no fundo da mala alguns tostões que houvesse e de quando em vez dava falta de algum, mas sempre atribuiu a culpa ou a mim, ou ao meu Pai, e que veio a confirmar-se pagavamos injustamente.
  Escondia o Cordão e o Anel por trás  numa das prateleirritas que haviam na Cozinha e apenas só ela e o meu Irmão sabiam disso, nem o meu próprio Pai.
   Ela com medo de que lhe podesse acontecer alguma coisa de mal, e o meu Irmão a seguir a mim, mais novos dois anos, mas que sempre foi o menino das suas confidências.
O Responso, a ída à Bruxa e Bruxo e a Promessa. 
Os objectos desapareceram e logo de Imediato, recorreram a uma habilidosa que fazia de bruxa  a Ti Serralheira,e que depois das rezas lhe disse que eles não tinham atravessado água, o mesmo era dizer que não tinham atravessado o Rio e que quem teria roubado era do lado de cá.
  Como não aparecia, indicaram ao meu Pai, um Senhor que tinha sido Pároco e que ao ficar invisual optou por fazer essas rezass (Responsos) que vivia em Valongo de nome Abel ), que repetiu o que a Serralheira tinha dito, mas sem fazer o milagre de o ladrão ou ladra aparecerem.
  Começaram a correr Boatos que o meu Pai o teria vendido para  gastar o dinheiro na putaria, chegando mesmo um a dizer-lhe cara a cara, o que só não teve consequências imprevisiveis, porque a arma do meu Pai que era de carregar pela boca encravou.
A Oferta da Promessa e a esperteza do Padre
Face a esta situação a minha Mãe que era uma grande devota do Divino Santíssimo Sacramento da Igreja Matriz da Freguesia  da Raiva, ofereceu que caso o Cordão e o Anel aparecessem ofertaria mil escudos.
  Passados uns tempos veio a descobrir-se que quem tinha roubado era uma Sobrinha do meu Pai "que tinha sido criada com ele" de nome Ana e aquela em quem o meu Pai e a minha Mãe metiam as mãos e cabeça na Fogueira em defesa da sua honra, tal a confiança que depositavam nela.
 Então tal a fome e porrada que o homem lhe dava, que com três filhos de berço, não resistiu em roubar e vender os objectos e roubar ainda uma aliança e roupas a uma vizinha de nome Climência e que um dia distraídamente as colocou a secar. Foi a pista para a descoberta e confissão.
Ela até usava a táctica de mostrar o anel à Clemência que tinha roubado à minha Mãe e mostrava a aliança que tinha roubado à Clemência à minha Mãe como prova da sua inocência.
    O homem da minha Prima Ana, comprometeu-se a pagar os mil escudos,"prtoometidfos à Igreja, mas é o pagas e com quem?"" logo que tivesse dinheiro e levou a que os meus Pais não tomassem qualquer atitude sobre ela e até a desculparam, por tanto gostarem dela e muito lhe valeram até à hora da morte, já que infelizmente morreu muito nova, "de porrada e fome teve um farturinha".
     Como não tinham dinheiro para pagar na ocasião na Igreja da Raiva, dirigiram-se ao Padre e sua equipa e contaram-lhe o sucedido e que  como a minha Mãe fazia questão que assim fosse deixaram o Cordão como penhora da promessa e que logo que tivessem o dinheiro lá o levariam e trariam o Cordão.
    Tudo acertado e de comum acordo. Mas!!!
     Quando passado uns meses o meu pai se lhes dirigiu para dar-lhes o prometido e levantar o Cordão já tinham passado o mesmo a patacos e alegaram que o tinham entregado a um ourives para  avaliar e que ele valia, e que ele se sumiu sem deixar rasto.
  Só que a verdade era bem diferente, porque o cordão valia vários mil escudos.
  Assim em nome dopatrão dele, o Padre Queirós e seus comparsas,fizeram o seu negócio, auferiram o lucro indevido, e a minha Mãe ficou sem aquilo que lhe pertencia e que tanto sofreu.
  Se houver outro lugar onde se tenha de pagar e se acaso o responsável pela penitência não teve conhecimento deste grave pecado, espero que agora ao ter conhecimento, e se o caso ainda não precreveu, ou então que reabram o processo, mas que eles venham a pagar por essa malvadez e uso indevido de haveres que não lhes pertenciam.
  Seguem-se : - 
 A carteira do Ti Luis Guerra em Dia de S. Domingos e as Perdizes, e a minha Ída à Bruxa..

2 comentários:

  1. Deus me livre!!!
    Mas que grande confusão se arranjou por causa do cordão. Como teria a ladra descoberto o esconderijo? E o malandro do padre que não esperou pelo pagamento. Se calhar não acreditava que a tua mãezinha arranjasse o dinheiro para resgatar o cordão e decidiu executar a penhora. Tal e qual como no Prego!

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  2. Deixa lá Amigo Valdemar, que o cordão deve ter servido para uma boa causa, foi benzido e tudo, o triste da história foi haver quem fosse acusado de ter deitado a mão ao dito e estar inocente, mas com esta história fizeste-me recordar uma que se passou cá em casa, mas que vou aproveitar para contar no meu blog.
    Um abraço
    Virgílio

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