sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A Escola, As Uvas, As Perdizes e a Ída à Bruxa

A Escola, os Pais, Avós e Professoras/es
Era um procedimento diremos que  normal a colocação de uma nova professora, acontecer com um ou dois meses atrazadas.
Ninguém se lamentava, ao contrário de hoje, o que dá é dizer mal dos professores e assim uma grande maioria sacode a água do capote e tenta livrar-se daquilo que deveria ser a sua inteira responsabilidade, preferem antes levar os meninos e trazê-los depois pela mãozinha, que é uma forma hábil de se mostrarem na montra da vaidade. As crianças essas é que nada ficam a ganhar com este exibicionismo.
Muitos casos que as professora marcam-lhe os deveres para casa, vão para o Infantário e no outro dia, esses mesmos deveres voltam como saíram da Escola.

O Roubo da Fruta (e  a táctica de calar o cão)
Com este atrazo tudo corria de feição, era o ideal para irmos roubar as uvas e maças à quinta da Moira e a nossa perspicássia era tal, que mesmo rastejando entre galinhas faziamo-lo com tal silêncio que nem esboaçavam e assim podiamos roubar as uvas à vontade.
 Já que no que respeita a um Diospireiro que ficava junto à casa e a Manca a Constância, só quando conseguíamos roubar um bocado de toucinho e  lhe o atirava-mos lá para dentro, já não havia cão a ladrar,  e aí dava para trazer os que quizessemos, mas nunca carregavamos grandes quantidades para não espantar a caça.
     ´´E evidente que nem sempre eramos bem sucedidos, vezes houve até que para não vir a guarda o Pai Nente, paga depois quando houvesse Lampreias.

Atirar Pedras para levantar Perdizes para os caçadores
    Vinham até ali vários caçadores que já nesse tempo usavam armas altamente sofisticadas inclusivé as de cinco tiros. Eram caçadores normalmente tais como Advogados, Doutores, Ricalhaços etc.
 Na minha Aldeia havia muitas perdizes que se metiam nos buracos das Fragas, onde os Cães não tinham a miníma hipótese de a esses locais  terem acesso.
Eramos pagos para atirar Pedras.  
    A única forma de as fazerem levantar, era irmos pela parte de cima, atirar-mos pedras e assim elas levantavam, eles cá debaixo da Estrada então atiravam sobre elas.
      Para fazer-mos esse serviço eles tinham de nos pagar e não tinhamos razão de queixa, pois quando a caçada era boa, chegavamos a juntar aos vinte escudos.
    Não fosse os nossos vícios e esse dinheirinho fazia um jeito enorme aos nossos Pais, mas o vício pela compra de rebuçados para termos jogadores para encher cadernetas e já com essa idade comprar uns cigarritos que passavam por ser ou para o Avô ou para o Pai, o dinheiro lá voava. Mesmo também, porque o Serralheiro e o Cerqueira, estavam sempre atentos e, o jogo ao montinho ajudava a que eles nos levassem o resto. Tinhamos fde calar o Bico, de contrário chovia de duas maneiras.
O rapaz só pode trazer o mafarrico dentro dele!!!
A  Tua Irmã vem cá;  à Bruxa.
   Uma Tia minha que vivia no Porto e o meu Tio que trabalhava no Hospital de Santo António, tinha a sua Mãe que praticava bruxaria, então se melhor o pensaram, melhor o fizeram, vai daí toca ir até Ermesinde a fim de eu ser consultado pela Bruxa, mas antes e como era Sogra da minha Tia, preparou lá uns ovos estrelados, uma batatas fritas, com  cebolada, acompanhada de uma boa malga de caldo.
Foi para mim um verdadeiro dia de festa.
Acabado o bom repasto, ela lá foi preparar a cena, logo com uma recomendação se eu e o meu Primo (seu Neto) "mais velho que eu um ano" nos rissemos, deitavamos tudo a perder.
      Depois de o cenário, umas velas e uma estátua muito feia, tudo fechado e ela começa lá com as rezas,  a infulipar muito, genero de roncos (gritos), eu e o meu Primo mijavamo-nos de riso em constantes  gargalhadas, foi um espectáculo interessante.
     Lá acabou, tinha descoberto, que o culpado de todas as minhas asneiras, era o bisavô do meu Pai que me aparecia segundo ela lá num Ribeiro que eu  tinha de lá passar para ir para minha casa.
     Lá com o responso que o tinha escomungado e a partir daí eu ficaria um bom rapaz.
      É O FICAS!!!
                        É o melhoras!!!     
     Não melhorei coisa nenhuma, ainda lá voltei mais uma vez, mas desta feita com a minha Mãe. 
Repetiu-se o cenário,ainda com mais aparato,  mas desta vez já sou houve uma malga de sopa e um naco de broa. Pois se continuasse o tacho como no primeiro dia até eu fazia uma forcita para lá voltar.
        Estava no Sangue, o Puto não tinha emenda. 
        Não havia Bruxa que lhe podesse escurraçar o espirito maligno.

2 comentários:

  1. A primeira vez que eu fui à bruxa, foi no papel de guarda-costas da patroa do meu pai e tinha apenas 16 anos. Ela ia lá levar as prendas devidas por um ano inteiro de assistência e tinha medo de ser assaltada pelo caminho. A patroa carregava uma saca cheia de víveres e eu um embrulho com dois bacalhaus que pesavam perto de cinco kilos.
    Como a viagem era longa e "a boots", cheguei lá cansado e nunca mais esqueci aquele emprego que o meu pai me arranjou.

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  2. Ó Amigo Valdemar
    Só tu para me levantares um pouco a moral que hoje está um pouco por baixo, também eu fui á bruxa, mas embora a ti te tenham enchido a barriga, eu tive pior sorte, saí de lá com uma prometida que mais tarde se tornaria namorada e que ainda mais tarde me pôs os palitos como contei no meu blog á uns tempos, resumindo fostes mais bafejado pelos bons «espíritos» que eu.
    Um abraço
    Virgílio

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